WASHINGTON — O presidente dos EUA, Donald Trump, indicou que os Estados Unidos poderiam suspender sanções contra a Turquia e permitir que o país compre caças F-35 americanos, ao iniciar conversas com o presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, na quinta-feira. No entanto, Trump enfatizou que deseja que Ancara pare de adquirir petróleo russo.
A primeira visita de Erdogan à Casa Branca em cerca de seis anos começou com uma recepção calorosa de Trump. Sentados lado a lado no Salão Oval, Trump descreveu Erdogan como um “homem muito duro” e afirmou que eles permaneceram “amigos” durante o mandato de seu antecessor, Joe Biden.
Ancara busca aproveitar a relação pessoal amigável para promover interesses nacionais e se beneficiar de uma administração americana disposta a fechar acordos em troca de grandes compras de armas e acordos comerciais.
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Ainda assim, Trump pressionou Erdogan a interromper as compras de petróleo da Rússia, como parte de esforços para pressionar as fontes de financiamento da guerra russa na Ucrânia. A Turquia, a Hungria e a Eslováquia são os principais compradores europeus de petróleo russo.
Eu gostaria que ele parasse de comprar qualquer petróleo da Rússia enquanto a Rússia continua essa investida contra a Ucrânia”, disse Trump sobre Erdogan.
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Questionado se estaria disposto a fazer um acordo para vender F-35 à Turquia, Trump disse a repórteres: “Acho que ele terá sucesso em comprar as coisas que quer comprar”. Trump também afirmou que poderia suspender as sanções contra a Turquia “muito em breve” e que, “se tivermos uma boa reunião, quase imediatamente”.
A administração Biden manteve a Turquia à distância, em parte devido ao que via como laços próximos do aliado da OTAN com a Rússia. Sob Trump, que tem laços pessoais mais próximos com Erdogan, Ancara espera uma relação melhor.
Trump e Erdogan tiveram uma relação irregular durante o primeiro mandato do presidente republicano. Mas, desde seu retorno à Casa Branca, seus interesses se alinharam na Síria — fonte da maior tensão bilateral no passado —, onde os EUA e a Turquia agora apoiam firmemente o governo central.
A mudança de clima renovou as esperanças turcas de que Trump e Erdogan, que trocaram elogios mútuos, possam contornar as sanções americanas impostas pelo próprio Trump em 2020 devido à aquisição turca de sistemas de defesa antimísseis russos S-400.
Isso, por sua vez, poderia abrir caminho para Ancara comprar os caças avançados F-35 da Lockheed Martin, dos quais era compradora e fabricante até ser barrada por causa dos S-400.
Erdogan afirmou que a indústria de defesa, incluindo o tema dos F-35 e as negociações em andamento sobre 40 caças F-16 que Ancara também deseja, seria um foco da reunião, junto com guerras regionais, energia e comércio.
A Turquia, que possui o segundo maior exército da OTAN, quer aumentar seu poder aéreo para enfrentar o que vê como ameaças crescentes no Oriente Médio, Mediterrâneo Oriental e Mar Negro, onde faz fronteira com a Rússia e a Ucrânia.
De acordo com o Daily Wire, Erdogan também disse a repórteres que está “pronto para fazer o que for necessário de nossa parte” para reabrir um seminário cristão ortodoxo fechado pelo Estado turco em 1971, que permanece uma fonte de contenção com a Grécia e a União Europeia desde então.
O Patriarca Ecumênico Bartolomeu, líder espiritual dos cristãos ortodoxos em todo o mundo, baseado em Istambul, também se reuniu com Trump em Washington neste mês e foi citado dizendo que espera que a escola teológica na Ilha de Heybeliada possa aceitar alunos no próximo ano.
A Turquia, que é predominantemente muçulmana, resistiu no passado à reabertura do seminário perto de Istambul, apesar de anos de pressão da União Europeia, à qual aspira se juntar.
Erdogan disse que discutirá o assunto com Bartolomeu quando retornar à Turquia.
(Reportagem de Jeff Mason, Tuvan Gumrukcu em Ancara, Jonathan Spicer e Daren Butler em Istambul, e Mike Stone em Washington; Escrita por Steve Holland; Edição por Humeyra Pamuk e Deepa Babington)