Uma investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ignorou seis alertas sobre fraudes envolvendo descontos indevidos em benefícios de aposentados e pensionistas, emitidos entre maio e julho. Apesar dos avisos de órgãos de controle, o INSS não implementou ações efetivas para conter as irregularidades, segundo a cronologia apresentada pela PF.
A Justiça Federal determinou o afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e de outros quatro dirigentes, além de um policial federal supostamente envolvido. O ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT-RJ), negou omissão, atribuindo as falhas à gestão anterior e destacando a demissão de um diretor que não avançou em uma auditoria interna. No entanto, documentos mostram que Lupi foi informado sobre o aumento dos descontos irregulares em atas de reuniões da pasta desde junho de 2023.
As fraudes, que começaram a crescer em 2019, envolviam acordos de cooperação técnica que permitiam descontos diretos na folha de pagamento, muitas vezes sem autorização dos beneficiários. A investigação apontou que mais de 30 entidades, além das três inicialmente autorizadas, realizaram descontos, beneficiadas por exceções às regras do INSS. A CGU alertou repetidamente sobre os riscos dessas normas transitórias. Após a operação da PF, os acordos foram suspensos.
Os descontos irregulares eram repassados a associações que, segundo a PF, forjavam documentos e assinaturas para justificar as cobranças, lesando aposentados e pensionistas. Seis pessoas ligadas a essas entidades foram presas, e a cúpula do INSS foi afastada por ordem judicial. Stefanutto, também investigado por suspeita de omissão, foi demitido pelo governo Lula, que afirmou ter facilitado o cancelamento de descontos e adotado regras mais rígidas, embora as investigações revelem falhas na aplicação dessas medidas, de acordo com a Revista Oeste.