Ricardo Stuckert/PR

Na segunda-feira, 28 de abril de 2025, um grupo de venezuelanos asilados na Embaixada da Argentina em Caracas, sob proteção do Brasil, enviou uma carta ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciando a negligência do Itamaraty e exigindo salvo-condutos para deixar a Venezuela em segurança. Os opositores do regime de Nicolás Maduro, abrigados na embaixada desde março de 2024, fugiram de perseguições políticas e estão sob responsabilidade brasileira desde agosto, após a expulsão de diplomatas argentinos pelo governo chavista.

Na carta, os asilados relatam condições desumanas, com mais de 404 dias na embaixada, cinco meses sem eletricidade ou água encanada e constantes ameaças policiais no entorno. Eles classificam a situação como uma violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas e acusam o Brasil de inação. “A bandeira do Brasil está humilhada, assim como somos humilhados diariamente nesta embaixada transformada em prisão”, afirmam.

O grupo critica a contradição do governo Lula, que concedeu asilo rápido à ex-primeira-dama do Peru, Nadine Heredia, condenada por lavagem de dinheiro, enquanto ignora a perseguição política que enfrentam. “Por que alguns recebem proteção imediata e outros são condenados ao silêncio?”, questionam, apontando a falta de coerência na política externa brasileira.

Os asilados pedem que Lula intervenha diretamente para garantir os salvo-condutos previstos na Convenção de Caracas, permitindo sua saída para um terceiro país. Eles destacam a confiança no histórico do Brasil na defesa dos direitos humanos, mas lamentam a “falta de clareza e celeridade” do governo. “A luta pelos direitos humanos não pode ser subordinada a conveniências políticas”, concluem, enfatizando que o silêncio do governo “dói muito”.

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