Com a reeleição de Donald Trump à presidência dos EUA e o colapso do governo de coalizão do chanceler alemão Olaf Scholz, a Alemanha se prepara para enfrentar um período incerto, tanto econômica quanto politicamente.
Durante sua campanha, Trump prometeu aumentar tarifas de importação, aplicando o "Ato de Comércio Recíproco de Trump", que igualaria todas as tarifas americanas às aplicadas por outros países. "Se Índia, China ou qualquer outro país nos cobra tarifas de 100 ou 200% sobre produtos americanos, faremos o mesmo com eles", afirmou Trump em seu plano de campanha. "Se eles nos cobram, nós também cobraremos — olho por olho, tarifa por tarifa."
Entretanto, ainda não está claro se Trump pretende seguir com esse plano específico de tarifas, já que ele também sugeriu um imposto geral de 10% sobre todas as importações, além de tarifas de 60% para produtos chineses, conforme reportado pela Reuters.
A China não é o único alvo de Trump. Ele também criticou a União Europeia (UE), referindo-se ao bloco como uma “mini China” e alertando que ele também teria que "pagar". "Eles não aceitam nossos carros. Não aceitam nossos produtos agrícolas. Mas vendem milhões de carros nos Estados Unidos", disse Trump a apoiadores em um comício na Pensilvânia. "Isso vai ter um preço alto."
Alguns economistas alertam que o aumento das tarifas — que são cobradas das empresas importadoras e não dos governos — pode elevar os custos globais, incluindo nos EUA, exacerbando a inflação.
Um relatório recente da German Marshall Fund (GMF) citou o Instituto de Pesquisa Econômica da Alemanha, que estima que as tarifas propostas por Trump custariam ao país cerca de US$ 127 bilhões nos próximos quatro anos. "A vitória de Trump não é um bom presságio para uma Alemanha que depende da segurança dos EUA e prospera em mercados abertos", afirmou a GMF. "E a incerteza na maior economia da Europa não é ideal em um momento em que a UE busca seu lugar em um mundo onde o apoio dos EUA à ordem internacional baseada em regras não é garantido."
Além das pressões econômicas, a situação política em Berlim também é instável, pois Scholz enfrenta uma moção de desconfiança em janeiro após demitir seu ministro das Finanças, Christian Lindner, o que resultou no colapso da coalizão governamental.
A votação de confiança está marcada para 16 de dezembro, e Scholz, em situação de minoria, deve perder. Com isso, o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier provavelmente dissolverá o parlamento e convocará eleições, previstas para 23 de fevereiro de 2025.
Enquanto a UE se vê diante de uma potencial guerra comercial com o governo Trump, uma das suas principais nações geopoliticamente e economicamente está em um impasse, esperando por uma nova liderança.
O líder da oposição alemã, Friedrich Merz, que poderá se tornar o próximo chanceler, indicou que pretende negociar com Trump. Em entrevista à revista Stern, Merz afirmou: “Na Alemanha, nunca articulamos e defendemos bem o suficiente nossos interesses, e precisamos mudar isso."
Segundo a Bloomberg, Merz acrescentou: "Os americanos são muito mais ofensivos. Não deve ser uma relação onde só um lado se beneficia, mas sim um acordo que seja bom para os dois lados. Trump chamaria isso de um ‘acordo’.”
Como reportado por Caitlin McFall na Fox News.