Na terça-feira, a Ucrânia realizou uma série de ataques com drones na região de Moscou, resultando na morte de uma mulher, destruição de dezenas de casas e no desvio de aproximadamente 50 voos da capital russa, segundo relatos confirmados pela Reuters. Este ataque é considerado o maior realizado por Kiev contra a Rússia desde o início da guerra, há mais de dois anos e meio.
A Rússia, que tem utilizado amplamente drones e mísseis em sua ofensiva contra a Ucrânia e frequentemente bombardeia Kiev, afirmou ter destruído ao menos 20 drones ucranianos na região de Moscou, além de outros 124 em oito regiões diferentes do país.
Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, criticou os ataques direcionados à capital russa, que tem uma população de cerca de 21 milhões de pessoas, alegando que eles não podem ser considerados alvos militares legítimos. "Não há como ataques noturnos em bairros residenciais serem associados a ações militares", disse ele a repórteres. "O regime de Kiev continua a demonstrar sua natureza. Eles são nossos inimigos e devemos continuar a operação militar especial para nos proteger de tais ações", afirmou, mantendo a terminologia usada por Moscou para descrever sua invasão à Ucrânia.
Até o momento, Kiev não comentou o ataque, mas, segundo relatos, a Ucrânia afirmou que a Rússia a atacou com cerca de 46 drones, dos quais 38 foram destruídos pelas defesas ucranianas.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, anunciou que viajará à Ucrânia junto com o Secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, para se reunir com seu homólogo ucraniano e com o presidente Volodymyr Zelenskyy ainda esta semana.
"É um momento crítico em uma temporada de intensos combates", disse Blinken a repórteres. "Com a Rússia continuando a intensificar sua agressão – contra civis, infraestruturas críticas e forças ucranianas –, vemos um aumento nos ataques às cidades e à infraestrutura energética."
Blinken destacou a estratégia do presidente russo Vladimir Putin de usar a infraestrutura energética da Ucrânia como arma, especialmente durante os meses de inverno rigoroso, como já fez nos últimos dois anos. Ele reforçou que esta visita reflete o compromisso dos EUA e da OTAN em garantir que a Ucrânia possa se defender dos ataques russos.
Embora não esteja claro quais tópicos específicos serão abordados na visita de Blinken e Lammy, o primeiro-ministro ucraniano Denys Shmyhal também expressou preocupação com os ataques russos e afirmou que cerca de 85% da infraestrutura energética da Ucrânia está protegida contra os ataques esperados da Rússia, segundo o Kyiv Independent.
Desde março, os ucranianos, especialmente em Kiev, têm enfrentado apagões intermitentes após uma intensa campanha russa contra a infraestrutura energética do país, na qual aproximadamente 80% da capacidade de geração térmica da maior empresa privada de energia da Ucrânia, DTEK, foi danificada ou destruída.
Em junho, autoridades do setor de energia alertaram que os ucranianos poderiam ter acesso à eletricidade por apenas seis horas por dia durante o inverno, dependendo da extensão dos reparos na rede elétrica.
Na terça-feira, Shmyhal não especificou o quanto da rede elétrica foi restaurada ou por quanto tempo os ucranianos podem enfrentar cortes de energia neste inverno. No entanto, ele ressaltou os esforços do governo para proteger o setor energético, mencionando que US$ 461 milhões foram alocados para a proteção das instalações de energia, enquanto aliados estrangeiros forneceram um adicional de US$ 315 milhões.