O relacionamento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Congresso Nacional enfrenta uma crise significativa, com impactos diretos na aprovação do pacote fiscal e outras pautas prioritárias. Durante uma reunião realizada na segunda-feira, 9, no Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), relataram ao presidente Lula a deterioração do clima entre os parlamentares. Segundo os líderes, a decisão recente do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre as regras para a liberação das emendas parlamentares agravou o descontentamento.
A medida de Dino, que estabeleceu exigências como a apresentação de planos de trabalho e a identificação nominal das emendas, foi descrita por fontes do governo como um "golpe forte" para o Congresso. Parlamentares consideraram a decisão uma interferência indevida do STF, interpretada como uma afronta às suas prerrogativas.
Arthur Lira destacou que a liberação das emendas até o fim de dezembro é essencial para avançar com o pacote fiscal, a Lei Orçamentária Anual (LOA) e a reforma tributária. Segundo ele, sem um gesto concreto do governo, será difícil melhorar o ambiente político e garantir as votações.
Durante a reunião, o presidente Lula reforçou a urgência de aprovar o pacote fiscal ainda em 2024. No entanto, líderes como Lira e Pacheco enfatizaram que o governo precisa encontrar soluções para superar o impasse. O ministro da Casa Civil, Rui Costa, sugeriu explorar brechas na decisão do STF para liberar as emendas de comissão e bancada por meio de portarias ou atas das comissões, garantindo maior segurança jurídica para os ministérios.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), alertou para os riscos econômicos da não aprovação das pautas fiscais. Segundo ele, a instabilidade poderia levar a aumentos nas taxas de juros e no dólar, enquanto a aprovação garantiria um cenário econômico mais estável.
Na mesma noite, uma nova rodada de discussões foi agendada com a presença de Rodrigo Pacheco, senadores como Davi Alcolumbre (União-AP) e Jaques Wagner (PT-BA), além de Randolfe Rodrigues e do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. A intenção era buscar soluções concretas para destravar as negociações.
Ao fim do encontro, Lula informou que realizaria um exame de rotina no Hospital Sírio-Libanês, em Brasília. Já Arthur Lira e o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), saíram do Palácio do Planalto reconhecendo que o avanço nas votações depende diretamente da liberação das emendas. Ambos ressaltaram que o tempo para resolver o impasse está se esgotando, enquanto a insatisfação entre os parlamentares continua aumentando.
Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.