O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou, nesta quarta-feira (11), um aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, que agora alcança 12,25% ao ano. Essa é a terceira alta consecutiva da Selic e a primeira desse porte desde maio de 2022. A decisão foi unânime e reflete o cenário econômico adverso que exige uma política monetária mais rígida.
No comunicado divulgado após a reunião, o Copom justificou o aumento apontando para o agravamento do cenário inflacionário. O texto destaca uma "desancoragem adicional das expectativas de inflação" e uma maior pressão nos preços devido ao dinamismo econômico acima do esperado e à abertura do hiato do produto.
O comitê também sinalizou que, se o cenário atual persistir, novos aumentos de mesma magnitude poderão ocorrer nas próximas duas reuniões. “Diante de um cenário mais adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões”, afirmou o comunicado.
O Banco Central destacou que o ciclo de aperto monetário será guiado pelo compromisso de trazer a inflação para a meta estabelecida. A decisão também busca atenuar as flutuações econômicas e fomentar o pleno emprego, sem comprometer o objetivo principal de estabilidade de preços.
Apesar da elevação da taxa, o Copom destacou que há fatores de risco que podem influenciar os próximos passos da política monetária. Entre os riscos de alta para a inflação, foram citados:
- Uma possível desancoragem prolongada das expectativas de inflação;
- Resiliência maior na inflação de serviços;
- Impactos negativos de políticas econômicas internas e externas, como depreciação cambial persistente.
Por outro lado, fatores que poderiam contribuir para a queda da inflação incluem:
- Uma desaceleração econômica global mais intensa do que a esperada;
- Impactos mais fortes do aperto monetário global na redução da inflação.
No ambiente externo, as incertezas econômicas nos Estados Unidos e a postura do Federal Reserve (Fed) continuam pressionando economias emergentes como o Brasil. Domesticamente, o dinamismo da atividade econômica, combinado com a elevação das projeções inflacionárias e o aumento das expectativas de inflação para 2024 e 2025, reforça a necessidade de uma política monetária mais rigorosa.
As projeções do Banco Central apontam uma inflação de 4,8% para 2024 e de 4,6% para 2025, valores acima da meta estipulada. Para o segundo trimestre de 2026, a inflação esperada é de 4,0%.
Analistas econômicos já esperavam o aumento de 1 ponto percentual, mas havia uma parcela do mercado que apostava em um ajuste mais gradual, de 0,75 ponto percentual. Especialistas concordam que o balanço de riscos para a inflação se deteriorou desde a última reunião, em novembro, mas divergem sobre o ritmo ideal de ajuste na Selic.
O Copom ressaltou que a eficácia da política monetária dependerá da evolução de fatores como a dinâmica inflacionária, projeções de inflação, expectativas do mercado e o impacto de políticas fiscais e cambiais. O comitê continuará monitorando o cenário econômico para tomar decisões alinhadas com a convergência da inflação para a meta.
Reportado por Roberto de Lira no InfoMoney.