ECONOMIA

Mercado Considera Insuficientes Medidas De Haddad Para Controlar Dívida Pública

Nov 28, 2024
thefarol.com
Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na noite de quarta-feira, 27, um pacote de medidas voltado para o controle de gastos públicos. No entanto, analistas do mercado financeiro avaliam que as propostas apresentadas pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva são insuficientes para estabilizar a dívida pública do Brasil em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Entre as medidas anunciadas estão:

  • Reajuste no abono salarial;
  • Limitação do crescimento das emendas parlamentares a 2,5% ao ano;
  • Direcionamento de 50% das emendas de comissões para o Sistema Único de Saúde (SUS);
  • Mudanças na idade mínima de aposentadoria para militares;
  • Restrição nas regras de transferência de pensões.

O governo estima que essas iniciativas possam gerar uma economia de R$ 70 bilhões nos próximos dois anos, mas todas ainda dependem de aprovação do Congresso Nacional.

Especialistas do mercado financeiro apontaram que, embora as medidas sejam positivas, elas não atacam de forma significativa a relação entre dívida pública e PIB, que segue preocupante. Alexandre Andrade, da Instituição Fiscal Independente, observou que o pacote tenta conter despesas que cresciam além do limite fiscal, mas destacou que o impacto é limitado.

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, o pacote precisa ser ampliado:

"Não basta cumprir a meta fiscal; é fundamental reduzir a relação dívida/PIB", comentou.

Zeina Latif, sócia-diretora da Gibraltar Consulting, considerou que incluir questões como abono salarial, militares e emendas parlamentares é um avanço, mas insuficiente para garantir a sustentabilidade fiscal do país.

Ela defendeu a adoção de um plano mais ambicioso, argumentando que o cenário atual exige ações mais profundas.

Gabriel Fongaro, do Julius Baer Brasil, afirmou que os efeitos das medidas devem ser sentidos apenas no médio prazo e ressaltou que elas falharam em trazer mudanças estruturais. Ele citou a revisão da regra do salário mínimo como exemplo de uma iniciativa modesta, que pouco contribui para melhorar a situação fiscal no longo prazo.

Tiago Sbardelotto, economista da XP, destacou que atingir a economia de R$ 70 bilhões prevista será um grande desafio, mesmo com as medidas no caminho certo.

Para detalhar o pacote e responder às críticas, o governo marcou uma coletiva de imprensa para esta quinta-feira, 28. A expectativa é que Haddad apresente esclarecimentos sobre o impacto esperado das medidas e os próximos passos para sua aprovação no Congresso.

Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.

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