Durante a pandemia de 2021, o Partido dos Trabalhadores (PT) divulgou um vídeo em que atribuía ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) a responsabilidade pela alta do dólar. Na época, a moeda norte-americana ultrapassava os R$ 6, enquanto o mundo enfrentava uma crise econômica global provocada pelos lockdowns. O vídeo resgatado por internautas voltou a circular recentemente, quando o dólar ultrapassou novamente a barreira dos R$ 6 durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No conteúdo divulgado em 2021, o PT associava a alta do dólar ao aumento dos preços do diesel, custos de transporte e, consequentemente, à inflação nos alimentos. Agora, no entanto, a narrativa mudou: o governo Lula passou a culpar o mercado financeiro e o presidente do Banco Central pelo aumento da moeda, desviando a responsabilidade para atores externos.
Nesta segunda-feira, 2 de dezembro, o dólar atingiu R$ 6,06, registrando um recorde pelo quarto dia consecutivo. A valorização da moeda frente ao real começou após o anúncio de um pacote de cortes de gastos pelo governo federal, que não atendeu às expectativas do mercado. Na quarta-feira, 27 de novembro, o dólar fechou em R$ 5,93, uma alta de 2,21% em relação aos R$ 5,80 do dia anterior, impulsionada pela apreensão em torno das medidas que seriam anunciadas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Quando finalmente apresentadas, as medidas frustraram analistas. O pacote de Haddad carecia de detalhes esperados sobre cortes significativos nos gastos públicos. Em vez disso, o ministro prometeu ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda e manter a proposta de taxação dos "super-ricos", sinalizando intenções de aumentar a arrecadação, mas sem priorizar cortes estruturais.
O mercado de ações também reagiu negativamente ao anúncio. Nesta segunda-feira, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), encerrou o dia em queda de 0,34%, alcançando 125.235,54 pontos, refletindo a desconfiança dos investidores em relação às diretrizes econômicas do governo.
A mudança na narrativa do PT, que antes atribuía exclusivamente ao governo de Bolsonaro a responsabilidade pelo comportamento do dólar, para agora culpar o mercado financeiro e o Banco Central, evidencia uma tentativa de ajustar o discurso político frente às críticas.
Reportado por Yasmin Alencar na Revista Oeste.