O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira, 27, em entrevista ao portal UOL, que é alvo de perseguição política após ser indiciado pela Polícia Federal (PF) por suposta tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro negou envolvimento em qualquer plano para prender ou assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) ou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Para mim, é uma grande estória”, disse o ex-presidente. “A PF faz o que o senhor ministro [Moraes] deseja. Basta ver os áudios do juiz Airton Vieira dizendo para o Tagliaferro: ‘Tenha criatividade’. Isso tudo são apenas suposições.”
Bolsonaro questionou o suposto plano atribuído a ele. “Que plano era esse? Um golpe com um general da reserva, três oficiais e um agente da PF? Isso é coisa de quem tem minhoca na cabeça. Falar em sequestrar ou matar o Alckmin, qual o sentido disso?”
Ele também minimizou a "minuta do golpe", argumentando que o documento era baseado na Constituição e servia apenas como uma discussão teórica. Segundo ele, o Partido Liberal (PL) optou por peticionar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre possíveis inconsistências nas eleições de 2022, mas enfrentou uma multa de R$ 22 milhões e ameaças de penalidades ainda maiores.
Questionado sobre a possibilidade de o Judiciário aplicar a “teoria do domínio do fato” no caso, Bolsonaro descartou a ideia. “Na Lava Jato, havia desvio de recursos comprovado, delações, provas. Agora, há uma única delação [de Mauro Cid] que ninguém mostra. Por que não mostram?”
Ele reforçou que o PL buscou atuar dentro da legalidade, mas enfrentou barreiras no TSE sob a liderança de Moraes. “O Alexandre Moraes interferiu ou não no processo eleitoral? Sim”, declarou.
Bolsonaro admitiu que corre risco de ser preso, mas disse não temer a PF. “Vivemos num mundo de arbitrariedades. Já fui alvo de três buscas e apreensões absurdas. Não devo nada, mas corro risco. Vamos ver as consequências.”
Ele ainda criticou ser responsabilizado por atos como o suicídio de um homem em frente ao STF. “O que eu tenho a ver com isso? Caiu na minha conta, e o Alexandre [Moraes] já veio para cima de mim no dia seguinte.”
Apesar dos processos e riscos legais, Bolsonaro reafirmou sua intenção de se candidatar à Presidência em 2026. “Sou um cidadão, um réu sem crime. Fui condenado sem crime nenhum. Vou ser candidato”, concluiu.
Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.