O economista e empresário Paulo Guedes, que liderou o Ministério da Economia durante o governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), não está representado na galeria de ex-ministros da Fazenda localizada na sala do Conselho Monetário Nacional (CMN), em Brasília. A ausência de sua fotografia chamou atenção e gerou críticas, especialmente pela abrangência de seu papel à frente do chamado "superministério", que uniu diversas pastas, como Fazenda, Planejamento e Indústria.
A galeria, localizada no sexto andar do prédio do Ministério da Fazenda na Esplanada dos Ministérios, exibe retratos de ex-ministros que ocuparam a pasta. A imagem mais recente é de Eduardo Guardia, que sucedeu Henrique Meirelles e ocupou o cargo até o fim do governo de Michel Temer. Guardia faleceu em abril de 2022.
Apesar de ter liderado o Ministério da Economia por quatro anos, Guedes não tem sua foto na galeria. Durante um café da manhã de fim de ano com jornalistas, realizado pelo atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na sala do CMN, a ausência da imagem de Guedes não foi explicada.
Um ex-assessor de Guedes, que preferiu permanecer anônimo, classificou a ausência como "grosseria e indelicadeza". Ele sugeriu que, devido ao alcance de sua atuação, Guedes deveria estar representado em várias pastas, incluindo a Fazenda.
Após deixar o governo, Guedes tem mantido um perfil discreto, tornando-se sócio da gestora de fundos Yvy Capital e evitando aparições públicas e entrevistas.
Uma rara exceção ocorreu em maio de 2024, quando Guedes participou do lançamento de um documentário intitulado Caminho da Prosperidade, em Nova York, que aborda sua gestão no Ministério da Economia. Durante o evento, o ex-ministro defendeu as políticas adotadas em seu período no governo.
“Faríamos tudo de novo, com mais intensidade,” afirmou Guedes. “Começou o governo? Agora vai Petrobras e Banco do Brasil. Vamos ter mais concessões. Estava certo o Banco Central independente. Voltaríamos com a capitalização para a Previdência, porque vai dar problema em cinco ou dez anos.”
A ausência de Guedes na galeria levanta questões sobre a percepção de seu legado político e econômico. Sua gestão foi marcada por reformas estruturais, como a aprovação da reforma da Previdência e a defesa de um Banco Central independente. Contudo, o desmembramento de seu "superministério" pelo governo Lula, que recriou os ministérios da Fazenda e do Planejamento, pode ter influenciado a omissão de seu nome na galeria da Fazenda.
Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.