Israel anunciou o fechamento de sua embaixada na Irlanda neste domingo (13), citando as “políticas extremas anti-Israel” adotadas pelo país europeu. A decisão foi comunicada pelo Ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, que acusou a Irlanda de ultrapassar todos os limites no relacionamento bilateral.
“As ações e a retórica antissemita usadas pela Irlanda contra Israel têm raízes na deslegitimação e demonização do Estado judeu, além da aplicação de padrões duplos. A Irlanda cruzou todas as linhas vermelhas em suas relações com Israel”, afirmou Sa’ar. “Israel investirá seus recursos em fortalecer suas relações bilaterais com países em todo o mundo, de acordo com prioridades que levam em consideração as atitudes e ações dessas nações em relação ao Estado de Israel.”
O Taoiseach (primeiro-ministro irlandês), Simon Harris, reagiu imediatamente, classificando a decisão israelense como “profundamente lamentável”. “Rejeito totalmente a alegação de que a Irlanda é anti-Israel. A Irlanda é pró-paz, pró-direitos humanos e pró-direito internacional”, declarou Harris.
Apesar das declarações de Harris, a postura da Irlanda em relação a Israel tem sido criticada em diversas ocasiões.
Em fevereiro de 2024, o então Taoiseach, Leo Varadkar, criticou duramente uma possível operação israelense em Rafah, reduto do Hamas. Varadkar afirmou que a ação seria uma “grave violação do direito internacional”, além de culpar Israel por “não ouvir nenhum país do mundo, nem mesmo os Estados Unidos”.
Em maio de 2024, a Irlanda reconheceu oficialmente o “Estado Palestino”, apenas dias após Harris criticar o governo de Benjamin Netanyahu. Harris declarou na ocasião: “O governo reconhece a Palestina como um Estado soberano e independente e estabelecemos relações diplomáticas completas entre Dublin e Ramallah. Queríamos fazer isso ao final de um processo de paz, mas nos unimos à Espanha e Noruega para manter vivo o milagre da paz.”
Já em novembro de 2024, o parlamento irlandês aprovou uma moção não vinculativa acusando Israel de “genocídio em Gaza”.
Na última semana, a Irlanda se juntou ao caso movido pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), reforçando suas críticas à atuação israelense em Gaza.
A relação entre os dois países sempre foi conturbada. Em 1996, a Irlanda foi o último país da União Europeia a permitir a abertura de uma embaixada israelense em seu território. Além disso, há registros históricos polêmicos envolvendo o país.
Em 1945, logo após o suicídio de Adolf Hitler, o então Taoiseach Éamon de Valera visitou Eduard Hempel, representante nazista na Irlanda, para expressar condolências pelo falecimento do ditador. “Não iria humilhá-lo ainda mais em sua hora de derrota”, justificou-se na época.
Durante o Holocausto, em 1943, Oliver J. Flanagan, que anos mais tarde se tornaria Ministro da Defesa da Irlanda, fez comentários controversos no parlamento irlandês durante um debate sobre a lei de poderes de emergência, criticando abertamente os judeus.