Cientistas da Universidade Rice desenvolveram uma abordagem inovadora para combater o câncer utilizando moléculas apelidadas de “marretas moleculares”. Essas moléculas vibram em resposta à luz, destruindo células cancerígenas de forma altamente eficaz.
O estudo, publicado na Nature em 2023, revelou resultados promissores. Em modelos de melanoma em camundongos, a técnica alcançou uma eficácia de 50% em eliminar completamente os tumores. Em culturas de laboratório de células humanas de melanoma, a eficiência foi impressionante, chegando a 99%.
Os pesquisadores usaram uma molécula de corante chamada aminocianina, conhecida por sua aplicação em imagem médica. Quando exposta à luz infravermelha próxima, os átomos dessa molécula vibram em uníssono, formando o que é chamado de plasmons. Essas vibrações criam uma ação mecânica que rompe as membranas das células cancerígenas, destruindo-as.
“É uma nova geração de máquinas moleculares que chamamos de marretas moleculares,” explicou o químico Jems Tour, da Universidade Rice. “Elas são mais de um milhão de vezes mais rápidas em movimento mecânico do que os motores do tipo Feringa e podem ser ativadas por luz infravermelha próxima, em vez de luz visível.”
A luz infravermelha próxima é mais eficaz para penetração no corpo humano do que a luz visível, podendo alcançar até 10 centímetros de profundidade, enquanto a luz visível penetra apenas cerca de meio centímetro. Além disso, a luz infravermelha minimiza danos aos tecidos saudáveis, oferecendo um método menos invasivo para tratar cânceres.
“Esta é uma grande conquista,” destacou Tour. “Com a luz infravermelha próxima, conseguimos ativar as nanomarretas de forma mais profunda e segura no corpo humano.”
Ciceron Ayala-Orozco, autor principal do estudo, ressaltou a simplicidade e versatilidade das moléculas usadas. “São corantes simples, biocompatíveis, estáveis em água e excelentes para se ligar ao revestimento externo das células. Apesar de já serem utilizados para imagem médica, ninguém sabia como ativá-los como plasmons.”
Ele continuou: “Graças à sua estrutura e propriedades químicas, os núcleos dessas moléculas podem oscilar em sincronia quando expostos ao estímulo certo. Essa é a primeira vez que um plasmon molecular é usado para excitar toda a molécula e produzir uma ação mecânica que alcança um objetivo específico — neste caso, romper a membrana de células cancerígenas.”
Reportado por Hank Berrien no DailyWire.