Com a queda do ex-presidente sírio Bashar al-Assad, o líder terrorista Abu Mohammad al-Jolani está ganhando destaque. Em aproximadamente duas semanas, o chefe de 42 anos da Hayat Tahrir al-Sham (HTS) — uma organização terrorista designada pelos EUA e o mais bem-sucedido dos grupos rebeldes sírios — derrubou o regime tirânico de Assad em uma ofensiva inesperada.
Anteriormente afiliado à Al-Qaeda e ao líder do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi, al-Jolani tem uma recompensa de US$ 10 milhões oferecida pelo FBI desde 2017. Como líder de um pseudo-governo rebelde no noroeste da Síria, ele foi acusado de graves violações dos direitos humanos e busca impor a Sharia. No entanto, al-Jolani também tem tentado se reinventar como uma força moderada para uma Síria tolerante.
Al-Jolani, cujo nome verdadeiro é Ahmed Hussein al-Shara, nasceu em 1982 em Riad, na Arábia Saudita, filho de pais exilados da Síria. Seu nom de guerre, al-Jolani, refere-se às Colinas de Golã, região de onde sua família é originária e que foi ocupada e anexada por Israel após a Guerra dos Seis Dias em 1967.
Seu pai, Hussein Al-Shara, era um nacionalista árabe que foi preso por protestar contra o golpe Baathista na Síria em 1961. Após escapar da prisão, ele viveu em Bagdá e na Jordânia antes de retornar à Síria e, posteriormente, mudar-se para a Arábia Saudita para trabalhar na indústria petrolífera. No final dos anos 1980, a família retornou à Síria.
Apesar de crescer em um bairro de classe média liberal, al-Jolani afirma que foi radicalizado pela Segunda Intifada no início dos anos 2000. "Eu tinha 17 ou 18 anos e comecei a pensar em como cumprir meu dever de defender a nação, que estava sendo perseguida por ocupantes e invasores", disse ele em entrevista à PBS.
Dois meses antes da invasão dos Estados Unidos ao Iraque, al-Jolani, então com 21 anos, foi para Bagdá para se juntar à Al-Qaeda na luta contra as forças americanas. Embora alegue ter sido contra as táticas da Al-Qaeda de atacar civis, ele permaneceu no grupo, ascendendo nas fileiras até ser preso por tropas americanas em 2005. Passou cerca de cinco anos em várias prisões, incluindo Abu Ghraib, onde escreveu um documento sobre como avançar a jihad na Síria.
Após sua libertação, tornou-se comandante da Al-Qaeda em Mosul e compartilhou suas ideias com al-Baghdadi, eventual líder do ISIS. Al-Jolani retornou à Síria em 2011, no início da Primavera Árabe, com a missão de estabelecer uma frente jihadista. Ele fundou o Jabhat al-Nusra, que em 2013 jurou lealdade à Al-Qaeda, tornando-se o braço sírio do grupo.
Em 2016, al-Jolani revelou seu rosto publicamente pela primeira vez, rompeu os laços com a Al-Qaeda e renomeou seu grupo para Jabhat Fath Al Sham (Frente de Conquista do Levante), que posteriormente evoluiu para a Hayat Tahrir al-Sham (HTS). A separação foi vista como uma estratégia para distanciar o grupo da imagem terrorista e buscar novos aliados dentro da Síria.
A ruptura desencadeou conflitos com o ISIS e outros grupos na região. Al-Jolani afirmou ter lutado contra o ISIS para proteger a revolução síria, participando de operações que resultaram na morte de líderes importantes do grupo rival.
Al-Jolani governou a região de Idlib, que abriga mais de 3 milhões de pessoas, através do Governo de Salvação Sírio (SSG). Sob seu comando, foram estabelecidos serviços civis, educação, saúde, sistema judiciário e até a emissão de documentos de identidade. Embora afirme que a situação não é ideal, al-Jolani defende que o modelo é capaz de administrar a área conforme a lei islâmica.
Ele planeja impor a Sharia em toda a Síria após a queda de Assad, mas insiste que isso não significa exclusão de minorias. "Essa misericórdia, humanidade e justiça podem abraçar todos os grupos, incluindo cristãos, judeus e outras doutrinas", declarou.
Apesar de suas tentativas de se apresentar como um líder moderado, al-Jolani e seu grupo foram acusados de graves violações de direitos humanos, incluindo assassinatos, detenções arbitrárias, sequestros e recrutamento de crianças soldados. Ele nega essas acusações e convida organizações de direitos humanos a inspecionarem as prisões sob seu controle.
Al-Jolani afirmou não representar uma ameaça aos Estados Unidos ou Europa, enfatizando que sua luta é contra o regime de Assad. Em entrevistas recentes, tentou reformular sua imagem perante o Ocidente, negando ser um terrorista e buscando distanciar-se das ações da Al-Qaeda e do ISIS.
Após a captura de Damasco, al-Jolani tem buscado estabelecer o tom para o futuro da Síria, aparecendo em locais públicos e declarando vitória para a "nação islâmica".
Reportado por Kassy Akiva no DailyWire.