A queda do ditador sírio Bashar al-Assad revelou a infraestrutura massiva por trás da produção industrial do Captagon, uma droga estimulante altamente lucrativa, que há anos impulsiona guerras e grupos terroristas no Oriente Médio.
Segundo o The Wall Street Journal, a Síria mantinha o império mais lucrativo de tráfico de drogas na região, sendo o principal responsável pela disseminação do Captagon, um estimulante que começou a ganhar popularidade em 2011, com o início da guerra civil síria.
O Captagon, apelidado de “a droga do jihad” e “a cocaína dos pobres”, é conhecido por seus efeitos: manter os usuários acordados por longos períodos, aumentar a autoconfiança e fornecer resistência física, características ideais para combatentes em zonas de conflito. O tráfico da droga proporcionava ao regime de Assad bilhões de dólares por ano, ajudando-o a contornar as sanções internacionais impostas ao país.
Vídeos compartilhados recentemente nas redes sociais mostram a apreensão de milhões de comprimidos produzidos em instalações ligadas ao regime sírio, incluindo bases aéreas militares e empresas comerciais associadas à família Assad.
Caroline Rose, especialista no comércio de Captagon do New Lines Institute, afirmou que as descobertas deixam evidente a produção sistemática da droga por meio de recursos e estruturas estatais.
“Podemos imaginar o volume de mão de obra e os recursos necessários para tal operação,” explicou Rose. “Isso mostra um investimento pesado nesse comércio ilícito, que penetrou profundamente nas estruturas do regime: desde o aparato político, as redes de influência, até as forças de segurança.”
O Captagon não era utilizado apenas por combatentes do exército sírio, mas também por terroristas do ISIS, Hamas e Hezbollah, além de estudantes, trabalhadores em empregos exaustivos e frequentadores de casas noturnas.
Nos últimos anos, surgiram indícios de que o regime de Assad estava migrando da produção de Captagon para a metanfetamina, uma substância ainda mais potente e letal. A transição para a metanfetamina exige apenas pequenos ajustes no processo de fabricação, resultando em um produto mais viciante, mais lucrativo e com consequências sociais mais devastadoras.