O Talibã, que retomou o controle do Afeganistão em agosto de 2021, intensificou suas restrições contra as mulheres ao decretar o fechamento de todas as organizações não governamentais (ONGs), nacionais e estrangeiras, que empreguem mulheres. A medida, anunciada pelo Ministério da Economia, reflete a postura contínua do regime de restringir a presença feminina nos espaços públicos e no mercado de trabalho.

A decisão ocorre dois anos após o Talibã ordenar que as ONGs suspendessem a contratação de mulheres afegãs, alegando que elas não estavam usando o véu islâmico de maneira "apropriada". Desde então, as mulheres vêm sendo gradualmente excluídas da vida pública no país.

De acordo com o porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, novas regras foram emitidas proibindo a construção de edifícios com janelas que possam permitir a visão de mulheres em pátios, cozinhas ou próximas a poços. Ele afirmou que observar mulheres nessas situações poderia "levar a atos obscenos".

Embora o Talibã afirme que suas ações estão alinhadas com a lei islâmica e que "garantem os direitos dos homens e das mulheres afegãs", críticos apontam que essas medidas representam um retrocesso extremo nos direitos humanos, especialmente os das mulheres. Organizações como a France 24 destacam que as afegãs estão sendo progressivamente apagadas dos espaços públicos, intensificando sua exclusão.

Nos últimos meses, o Talibã reforçou suas relações com o regime iraniano, um movimento que representa uma mudança significativa, considerando o histórico de rivalidades entre os dois grupos. Em 2023, ambos os lados cooperaram em ações voltadas contra Israel, com o Talibã declarando estar disposto a enviar milhares de combatentes para apoiar o Irã em potenciais confrontos. Além disso, Teerã facilitou encontros entre o Talibã e representantes de organizações como o Hamas e o Hezbollah.

Essa aliança reflete a crescente coordenação entre regimes autoritários na região, aumentando preocupações sobre a estabilidade no Oriente Médio e o impacto dessas colaborações nas dinâmicas globais.

O fechamento de ONGs que empregam mulheres é mais um golpe para o povo afegão, que já enfrenta uma crise humanitária severa. As ONGs desempenham um papel vital na prestação de serviços básicos, e a exclusão das mulheres de suas operações limita ainda mais a eficácia dessas organizações, especialmente em alcançar populações vulneráveis.

Reportado Por Hank Berrien no DailyWire.