A alta no preço dos alimentos tem gerado preocupação dentro do governo, e integrantes do PT discutem a possibilidade de adotar medidas mais radicais, como a taxação temporária das exportações do agronegócio, com o objetivo de forçar a redução dos preços no mercado interno.

A inflação dos alimentos tornou-se um dos principais desafios para o governo Luiz Inácio Lula da Silva, que já cobrou soluções de ministros em reuniões internas. O temor no Palácio do Planalto é que a escalada de preços afete ainda mais a popularidade do presidente.

Uma ala do PT acredita que a taxação de exportações é a única medida com potencial de impacto imediato e duradouro na estabilização dos preços. A justificativa é que, ao desestimular as vendas externas, o agronegócio seria forçado a direcionar mais produtos ao mercado interno, aumentando a oferta e reduzindo os preços.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (PT), evitou confirmar se o tema foi discutido internamente com Lula, mas negou que a proposta tenha chances de avançar. “O presidente Lula deixou claro que não tomará medidas heterodoxas”, declarou ao jornal Folha de S.Paulo.

Apesar da negativa, Teixeira já defendeu a ideia no passado. Em 2022, quando era deputado federal, ele assinou um projeto de lei que previa a taxação da exportação de grãos e carnes em momentos de necessidade de abastecimento interno.

No texto da proposta (PL-1586/2022), ele argumentava que a medida corrigiria distorções na economia, limitando a volatilidade dos preços e garantindo o abastecimento nacional. O projeto, no entanto, foi rejeitado em três comissões da Câmara e aguarda análise em uma quarta, sem perspectivas de avanço, principalmente devido à forte oposição da bancada ruralista, que tem grande influência no Congresso.

O agronegócio não vê com bons olhos a ideia de uma taxação temporária sobre exportações. Para o setor, a medida afetaria a competitividade do Brasil no mercado global, além de gerar insegurança para investimentos e comprometer acordos comerciais.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a produção de arroz, feijão e trigo caiu de 18% para 7% do total de grãos nos últimos 20 anos, enquanto soja e milho, principais commodities de exportação, cresceram de 76% para 89%. Para os defensores da taxação, isso demonstra que o Brasil prioriza o mercado externo, o que poderia estar pressionando os preços no país.

Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.