O grupo rebelde M23, apoiado por Ruanda, intensificou sua ofensiva contra as forças do governo da República Democrática do Congo (RDC), resultando na morte de 13 soldados estrangeiros, incluindo capacetes azuis da ONU. Os ataques forçaram a evacuação do aeroporto internacional de Goma, cidade estratégica no leste do país.
Nas últimas semanas, os rebeldes do M23 avançaram significativamente na região, tomando o controle de Sake, cidade localizada a 25 km de Goma, o que aumentou o temor de que a capital da província do Kivu do Norte, com 2 milhões de habitantes, possa cair nas mãos dos insurgentes.
No domingo (25), fortes trocas de tiros foram registradas perto da fronteira com Ruanda, levando milhares de civis a deixarem suas casas. O campo de refugiados de Kanyaruchinya, um dos maiores do leste do Congo, foi esvaziado, e centenas de pessoas tentaram atravessar para Ruanda pelo posto de fronteira da Grande Barreira.
“Estamos fugindo porque vimos soldados atirando e jogando bombas na fronteira com Ruanda”, disse Safi Shangwe, uma das deslocadas. “Nossos filhos estão com fome, estamos cansados e com medo.”
O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou veementemente a ofensiva do M23 e pediu que os rebeldes interrompam imediatamente todas as ações hostis e recuem, segundo o porta-voz da organização, Stéphane Dujarric.
A ONU, os Estados Unidos e o governo congolês acusam Ruanda de fornecer apoio militar ao M23. Especialistas das Nações Unidas estimam que até 4.000 soldados ruandeses estejam operando dentro do Congo. Embora negue oficialmente o envolvimento direto, Ruanda admitiu no ano passado possuir tropas no leste congolês sob o argumento de “garantir sua segurança” contra a movimentação militar de Kinshasa na fronteira.
Diante da escalada do conflito, o governo do Congo anunciou a ruptura total das relações diplomáticas com Ruanda, ordenando a retirada imediata de seus diplomatas do país vizinho. Em resposta, o chanceler ruandês, Olivier Nduhungirehe, disse que a decisão foi unilateral e tomada sem aviso prévio.
O Exército congolês declarou no sábado (24) que conseguiu repelir um ataque do M23 com o apoio de tropas aliadas, incluindo forças da Missão de Desenvolvimento da Comunidade da África Austral na RDC (SAMIDRC) e capacetes azuis da ONU.
Entre os mortos, estão dois soldados sul-africanos da ONU e um do Uruguai, além de sete soldados sul-africanos da SAMIDRC, conforme informou o Ministério da Defesa da África do Sul. Outros 11 capacetes azuis ficaram feridos e foram hospitalizados.
A missão da ONU na RDC, presente no país há mais de duas décadas, conta com cerca de 14.000 soldados, mas enfrenta dificuldades para conter a ofensiva do M23, que se fortaleceu desde 2021.
Reportado na Fox News.