O governo de Israel determinou, nesta quarta-feira (30), o encerramento imediato das operações da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) no país, alegando envolvimento da entidade com o grupo terrorista Hamas.

A medida ocorre após anos de acusações contra a agência, culminando na aprovação de uma legislação em outubro de 2024, que proíbe a UNRWA de atuar no território soberano de Israel. A lei também impede qualquer comunicação ou colaboração entre autoridades israelenses e representantes da agência.

A nova legislação exige que todas as instalações da UNRWA em Jerusalém, incluindo as localizadas em Maalot Dafna e Kafr Aqab, sejam desocupadas imediatamente. A decisão se baseia em denúncias de que a organização teria permitido infiltração de membros do Hamas em suas operações.

O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, defendeu a decisão durante um pronunciamento nesta terça-feira (29):

“É intolerável que qualquer Estado soberano facilite a atuação de uma agência que ameaça sua segurança nacional.”

Danon também rejeitou a ideia de que a medida tenha motivação política, afirmando que se trata do resultado de falhas sistêmicas da UNRWA.

“Essa decisão reflete a realidade de que a UNRWA falhou miseravelmente em sua missão e também falhou com as pessoas que deveria beneficiar.”

O comissário-geral da UNRWA, Philippe Lazzarini, classificou a medida como "desastrosa" e alertou sobre o impacto nas operações humanitárias na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

Durante um pronunciamento no Conselho de Segurança da ONU, Lazzarini afirmou que, desde outubro de 2023, a UNRWA tem sido essencial para o fornecimento de dois terços da assistência alimentar em Gaza, abrigo para mais de 1 milhão de deslocados, vacinação de 250 mil crianças contra a pólio e a realização de 17 mil consultas médicas diárias.

Ele alertou que o fechamento da UNRWA pode prejudicar gravemente a assistência à população palestina, especialmente em meio ao cessar-fogo em vigor.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou, em nota oficial, que a assistência humanitária em Gaza não depende da UNRWA:

“A UNRWA não é sinônimo de ajuda humanitária. Essa organização está infestada por atividades terroristas do Hamas. A partir de hoje, Israel não manterá mais contato com a UNRWA, mas continuará facilitando a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza por meio de outras entidades.”

Segundo o governo israelense, diversas agências da ONU, ONGs internacionais e países estrangeiros já atuam na entrega de suprimentos em Gaza e devem assumir um papel ainda maior com a saída da UNRWA.

A deputada israelense Yulia Malinovsky, uma das autoras da legislação que baniu a UNRWA, reforçou seu apoio à medida:

“A UNRWA trouxe apenas sofrimento à população de Gaza. Assim como o Hamas, essa organização contribuiu para a destruição da região.”

Ela ainda acusou a agência de envolvimento direto nos ataques de 7 de outubro, citando denúncias de que funcionários da UNRWA teriam participado do massacre e mantido reféns em suas casas.

A decisão de Israel ocorre após o Congresso dos Estados Unidos suspender o financiamento da UNRWA em 2024, em resposta a acusações semelhantes sobre envolvimento de seus funcionários nos ataques do Hamas

Reportado por Efrat Lachter na Fox News.