O aumento dos preços dos combustíveis, impulsionado pelo reajuste do ICMS, está provocando um efeito cascata na inflação dos alimentos no Brasil. O cenário representa um desafio para o governo Luiz Inácio Lula da Silva, que busca conter a alta dos preços e minimizar os impactos econômicos sobre os consumidores.
Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o valor médio da gasolina subiu R$ 0,15 por litro, superando em R$ 0,05 a expectativa gerada pelo aumento do imposto estadual. Esse reajuste ocorre no momento em que o governo celebrava a queda do dólar e a previsão de boas safras nas regiões Sul e Centro-Oeste, fatores que deveriam contribuir para a redução dos preços de itens básicos.
No início de 2025, o dólar chegou a R$ 5,79, uma queda expressiva em relação aos R$ 6,20 registrados no ano anterior. A desvalorização da moeda americana, aliada à expectativa de colheitas favoráveis, criou otimismo no governo quanto à redução dos preços dos alimentos. No entanto, o impacto do aumento dos combustíveis rapidamente neutralizou esse cenário, tornando a inflação no setor alimentício uma preocupação central para o Planalto.
O presidente Lula tem demonstrado inquietação com a alta nos preços dos alimentos, um dos fatores que mais afetam a popularidade de seu governo. Diante desse quadro, ele tem pressionado seus ministros da Agricultura, do Desenvolvimento Agrário e da Fazenda a encontrarem soluções eficazes para reverter esse impacto.
O preço médio da gasolina atingiu R$ 6,35, o maior valor desde o início do terceiro mandato de Lula, já corrigido pela inflação. Com o diesel também em alta, o transporte rodoviário — principal meio de distribuição de alimentos no Brasil — fica mais caro, resultando em reajustes no frete que, por sua vez, são repassados ao consumidor final.
Supermercados, restaurantes e demais estabelecimentos do setor alimentício já começam a refletir esses custos em seus preços. De acordo com fontes do Ministério da Fazenda, essa cadeia de aumentos pode resultar em um impacto de até 10% nos preços dos alimentos nos próximos meses, pressionando ainda mais o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Para tentar reverter essa tendência inflacionária, o governo aposta no fortalecimento da produção nacional e no incentivo à agricultura. Programas como o Plano Safra e o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) foram destacados como ferramentas essenciais para reduzir os custos de produção e evitar novos aumentos para o consumidor.
Além disso, há discussões em andamento para reformular o Pronaf e o Pronan, buscando ampliar a oferta de alimentos no mercado interno. O governo também avalia ajustes nas tarifas de importação, visando equilibrar a proteção da produção nacional com a necessidade de manter a competitividade dos produtos brasileiros.
O presidente Lula espera que essas ações, combinadas com a estabilização das safras no Rio Grande do Sul e outras regiões produtoras, ajudem a controlar os preços no médio prazo. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou essa expectativa, afirmando:
"A política que estamos adotando para trazer esse dólar para um patamar mais adequado vai ter reflexo nos preços nas próximas semanas."
Reportado por Redação Oeste na Revista Oeste.