O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou uma reunião do Gabinete de Segurança para esta terça-feira (11) com o objetivo de discutir a segunda fase do acordo de cessar-fogo e libertação de reféns em Gaza. A decisão ocorre após uma delegação israelense ter chegado ao Catar, no domingo (9), para dar continuidade às negociações sobre a trégua.

A reunião foi marcada após pressão da opinião pública e de líderes da oposição, que questionam o atraso nas discussões. O cessar-fogo, que está em vigor, previa que as negociações entre Israel e Hamas fossem retomadas a partir do 16º dia da trégua.

O líder da oposição e presidente do partido Yesh Atid, Yair Lapid, criticou a demora do governo:

"O Gabinete de Segurança está agendado para terça-feira – porque eles têm tempo. Vimos os reféns no sábado. Eles estão morrendo de fome e frio, mas este governo não tem urgência e não se importa."

Analistas políticos avaliam que a segunda fase das negociações será ainda mais desafiadora do que a primeira, uma vez que Netanyahu já declarou que não aceitará um cessar-fogo definitivo como condição para a libertação de novos reféns.

Além disso, as declarações do presidente norte-americano Donald Trump, na semana passada, expressando apoio à eliminação do Hamas, adicionaram mais dificuldades ao processo. Um funcionário israelense disse ao Jerusalem Post que as palavras de Trump "não facilitam as negociações".

A trégua atual, mediada por Estados Unidos, Catar e Egito, permanece relativamente estável. No domingo, as Forças de Defesa de Israel (IDF) completaram a retirada das posições militares no Corredor de Netzarim, que atravessa Gaza.

Uma delegação israelense chegou a Doha, no Catar, no domingo, para discutir os termos da trégua com os mediadores. No entanto, fontes israelenses informaram que o mandato da equipe será extremamente limitado.

Os representantes israelenses incluem:

• Gal Hirsch, coordenador para Assuntos de Reféns e Desaparecidos;
• Um alto funcionário da Shin Bet (Agência de Segurança de Israel), identificado apenas como "M".

A delegação não negociará a segunda fase do acordo, focando apenas na implementação da etapa atual.

O enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, anunciou formalmente o início das negociações da fase dois, após se reunir na semana passada com Netanyahu e o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, no resort Mar-a-Lago, propriedade de Trump.

Líderes israelenses e internacionais que se reuniram recentemente com Witkoff indicaram que, apesar dos desafios, a administração Trump mantém a intenção de avançar com a segunda fase do acordo.

No domingo (9), o presidente de Israel, Isaac Herzog, revelou que Trump está programado para se reunir com o presidente do Egito, Abdel Fattah el-Sisi, e possivelmente com o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman.

Herzog fez a declaração em uma entrevista à jornalista Maria Bartiromo, da Fox News, ao ser questionado sobre a proposta de Trump para assumir o controle de Gaza e transformá-la em uma "zona de desenvolvimento econômico".

Trump também deverá se encontrar com o rei da Jordânia, Abdullah II, nos próximos dias, segundo a agência de notícias Reuters. O monarca jordaniano planeja alertar Trump de que seu plano para Gaza pode fomentar radicalismo na região e prejudicar o tratado de paz entre Jordânia e Israel.

A proposta de Trump para Gaza foi rejeitada por diversos líderes mundiais, incluindo Arábia Saudita, Egito e União Europeia.

Reportado por Emichai Stein no The Jerusalen Post.