O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu nesta quarta-feira (5) que a inflação acumulada em 12 meses pode ultrapassar o teto da meta de 4,5% no mês de junho. A declaração ocorreu em entrevista à GloboNews e está alinhada com as previsões divulgadas pelo Banco Central na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

Caso a inflação supere o limite estabelecido, Haddad afirmou esperar que o Banco Central envie uma carta ao Conselho Monetário Nacional (CMN), detalhando um plano para reverter o desvio e trazer a inflação de volta ao centro da meta. Ele ressaltou que a política monetária atua com defasagem e que os efeitos dos juros elevados não são sentidos de forma imediata.

“O horizonte relevante para a ação do Banco Central será diferente em junho”, explicou o ministro.

Haddad voltou a reafirmar que respeita a autonomia do Banco Central e o trabalho dos técnicos da instituição. Ele explicou que, quando a inflação começa a se descontrolar, o Banco Central precisa intervir, mas a medida deve ser calibrada para não prejudicar o crescimento econômico.

“O remédio não pode ser nem insuficiente, nem excessivo. Se for além do necessário, pode gerar problemas fiscais, afetando a arrecadação, a atividade econômica e os investimentos”, pontuou.

Mesmo diante da expectativa de inflação acima da meta, o ministro acredita que poderão ocorrer surpresas positivas, caso a política econômica seja conduzida de maneira eficiente.

Segundo ele, os efeitos da elevação da taxa de juros devem ser percebidos mais rapidamente do que muitos especialistas preveem.

“O choque de juros foi muito forte, então a resposta sobre a inflação virá mais rápido, e penso que poderemos ter uma acomodação mais rápida dos preços.”

A última decisão do Copom elevou a taxa Selic de 12,25% para 13,25% ao ano, um aumento de 1 ponto percentual. A medida foi tomada por unanimidade entre os membros do comitê.

Além da questão inflacionária, Haddad afirmou que está em diálogo com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), sobre medidas para reduzir os supersalários no setor público.

O ministro destacou que os deputados rejeitaram uma proposta sobre o tema no ano passado, mas acredita que há possibilidade de reconsideração. Ele também revelou que terá uma reunião com senadores na próxima terça-feira (11) para discutir o assunto.

No que diz respeito ao Judiciário, Haddad afirmou que já conversou com a cúpula do Supremo Tribunal Federal (STF) e que há um consenso sobre a necessidade de coibir os supersalários.

Reportado por Amanda Sampaio na Revista Oeste.