O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, em entrevista à CNN, que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), faz parte de um "processo montado" com o objetivo de condená-lo. Segundo Flávio, a iniciativa tem motivação política e busca impedir que Bolsonaro dispute e vença as eleições presidenciais novamente.
“É claramente um processo fabricado para condenar o presidente Bolsonaro. Isso tudo é medo de que ele dispute as eleições e volte a ser presidente”, declarou o senador.
“Acredito que, com o tempo, a verdade virá à tona, e as pessoas vão perceber a injustiça que estão fazendo com Bolsonaro.”
Flávio também criticou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusando-o de agir politicamente em favor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), responsável por sua indicação ao cargo. Para o senador, a denúncia não apresenta qualquer prova concreta que ligue Bolsonaro a um plano golpista.
"O que mais não tem nesse processo inteiro são provas. Não há nada de material que vincule Bolsonaro a qualquer dessas acusações absurdas que ele vem sofrendo.”
Além disso, Flávio classificou a denúncia como um "copia e cola" baseado no depoimento do ex-ajudante de ordens Mauro Cid, destacando que o próprio Cid admitiu, em áudios vazados, nunca ter usado o termo "golpe" e que se sentiu pressionado a apresentar determinadas versões.
“O que estamos vendo agora é uma denúncia completamente vazia, baseada em um copia e cola do que Cid colocou no papel. Ele mesmo diz que nunca usou a palavra golpe e que se sentiu obrigado a falar algumas coisas para dar base a uma acusação absurda.”
A defesa do ex-presidente também reagiu à denúncia da PGR. O advogado Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação Social da Presidência, classificou a peça jurídica como “inepta”, alegando falta de elementos concretos que vinculem Bolsonaro ao caso.
"Nenhum elemento conecta minimamente o presidente à narrativa construída", afirmou Wajngarten em nota publicada no X/Twitter.
“Chega ao cúmulo de lhe atribuir participação em planos contraditórios entre si, baseando-se em uma única delação premiada, que foi alterada diversas vezes pelo próprio delator, que ainda questiona a sua própria voluntariedade.”
A denúncia da PGR contra Bolsonaro e outros 33 acusados aponta cinco crimes:
- Dano qualificado com uso de violência e grave ameaça
- Deterioração do patrimônio tombado
- Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
- Golpe de Estado
- Organização criminosa
Se condenado por todas as acusações, Bolsonaro pode pegar mais de 43 anos de prisão.
A acusação descreve o ex-presidente como líder de uma organização criminosa estruturada para manter um projeto autoritário de poder, com apoio de setores militares. O general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa, também foi apontado como um dos comandantes do suposto esquema e atualmente se encontra em prisão preventiva.
O caso agora segue para análise do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se aceita a denúncia e inicia o julgamento.
Reportado por Rachel Díaz na Revista Oeste.