A Autoridade Palestina (AP) teria indicado ao governo do presidente Donald Trump que está disposta a modificar ou até mesmo encerrar o polêmico programa conhecido como "pay-for-slay", que concede pagamentos a palestinos condenados por ataques terroristas contra Israel. A informação foi divulgada pelo canal N12 nesta segunda-feira (12).

Se confirmado, o plano representaria o fim do sistema de recompensas financeiras para prisioneiros e suas famílias. No entanto, fontes em Ramallah afirmam que a AP ainda pretende oferecer "auxílios" conforme a condição socioeconômica das famílias dos condenados.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, estaria negociando diretamente com os EUA para que, em troca do encerramento do programa, a administração Trump revogue a Lei Taylor Force. Essa legislação norte-americana bloqueia qualquer envio de ajuda financeira à AP enquanto houver pagamentos a terroristas e enquanto a entidade não condenar publicamente atos terroristas.

Além disso, Abbas também busca a suspensão das sanções norte-americanas sobre a AP e tenta barrar as deduções feitas por Israel nos impostos arrecadados para os palestinos. Em 2024, Israel ampliou essas deduções para 21 milhões de shekels devido aos pagamentos da AP a prisioneiros palestinos envolvidos em atentados terroristas.

Fontes palestinas afirmam que a libertação de quase metade dos 480 prisioneiros condenados à prisão perpétua em Israel, como parte dos acordos de troca de reféns com o Hamas, cria uma oportunidade para a implementação dessa mudança.

A negociação ocorre em um momento crítico para a Autoridade Palestina, que enfrenta um possível colapso financeiro. Em fevereiro, tribunais norte-americanos devem impor multas de US$ 200 a 300 milhões contra a AP, como resultado de ações judiciais movidas por famílias de vítimas do terrorismo.

Apesar da possibilidade de reforma, um relatório do Palestinian Media Watch (PMW) revelou que, após os ataques terroristas de 7 de outubro de 2023, a Autoridade Palestina pagou cerca de US$ 2,8 milhões a famílias de terroristas mortos.

Entretanto, um estudo recente do Jerusalem Center for Security and Foreign Affairs indicou que, em 2024, os pagamentos do programa "pay-for-slay" diminuíram entre 30% e 40%, sinalizando uma possível mudança gradual na política da AP.

A proposta de Abbas pode ser vista como um movimento estratégico para restabelecer laços com os EUA e aliviar a pressão econômica sobre a AP. No entanto, Israel e grupos conservadores norte-americanos provavelmente resistirão a qualquer revogação da Lei Taylor Force, argumentando que a AP precisa não apenas interromper os pagamentos, mas também condenar publicamente o terrorismo.

O governo Trump ainda não fez um anúncio oficial sobre a proposta e as negociações seguem em andamento.