O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (20), em entrevista à Rádio Tupi, que os envolvidos nos atos de 8 de janeiro deveriam ser condenados apenas pelo fato de pedirem anistia antes do julgamento. Para ele, ao fazerem esse pedido, essas pessoas estariam admitindo culpa.
“Eles nem foram julgados e já estão pedindo anistia”, declarou o petista. “Ou seja, estão dizendo que são culpados. Só pelo fato de pedirem anistia antes de serem julgados, já merecem ser condenados”.
Lula também afirmou que os réus devem ser julgados e, caso condenados, só então se poderá discutir o que fazer com eles. Ele ainda disse que, caso sejam considerados culpados, devem “receber uma cela adequada e um tratamento que respeite os direitos humanos”.
Na mesma entrevista, Lula criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por defender a anistia, afirmando que esse posicionamento seria uma espécie de confissão.
“As pessoas que ficam querendo antecipar uma discussão sobre anistia estão se acusando”, declarou.
O presidente sugeriu que Bolsonaro deveria se concentrar em provar sua inocência, em vez de buscar anistia.
“Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, ele está provando que é culpado, que cometeu crime. Ele deveria estar falando: ‘Vou provar minha inocência’”, disse.
Lula também fez referência à suposta tentativa de golpe e planos contra autoridades, mencionando diretamente seu nome, além do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
“Ele deveria estar dizendo: ‘Sou inocente, vou provar minha inocência’. Mas está pedindo anistia. Ou seja, está dizendo: ‘Gente, eu sou culpado. Tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes, não deu certo, porque tive uma diarreia, fiquei com medo e tive que voar para os Estados Unidos’”, ironizou o petista.
As declarações de Lula ocorrem poucos dias depois da Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar uma denúncia contra Bolsonaro e outros 33 acusados, apontados como responsáveis por um suposto golpe de Estado para impedir a posse do petista em janeiro de 2023.
A acusação tem como base o relatório da Polícia Federal (PF) e a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. A delação foi tornada pública pelo ministro relator do caso, Alexandre de Moraes.
A defesa de Bolsonaro classificou a denúncia como “sem fundamento” e argumentou que não há provas concretas que liguem o ex-presidente a qualquer plano golpista.
Reportado por Rachel Díaz na Revista Oeste.