A Disney está promovendo uma série de alterações em suas iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI), conforme um memorando interno divulgado pela empresa e informações obtidas pelo site Axios. As mudanças fazem parte de uma reformulação mais ampla da estratégia corporativa da gigante do entretenimento.
Uma das principais alterações será a substituição do atual fator de desempenho “Diversidade & Inclusão”, usado na avaliação da compensação dos executivos, por uma nova métrica chamada “Estratégia de Talentos”. Embora o novo indicador ainda incorpore alguns elementos da política anterior, a ênfase agora será no impacto dos valores organizacionais no sucesso da empresa.
Além disso, a Disney decidiu encerrar o programa Reimagine Tomorrow, iniciativa que visava promover talentos e histórias de comunidades sub-representadas. O site oficial da campanha foi retirado da plataforma corporativa em dezembro.
Nos bastidores, essa reestruturação também inclui mudanças internas significativas. Documentos de treinamento para funcionários, que propagavam mensagens de viés progressista, foram retirados. Em 2021, o jornalista Christopher Rufo vazou materiais internos que orientavam os funcionários a rejeitarem o conceito de igualdade em favor da "equidade" e descreviam os Estados Unidos como um país historicamente racista e transfóbico. O conteúdo incluía trechos incentivando funcionários brancos a reconhecerem seus privilégios e aceitarem que esse tema já era familiar para seus colegas negros.
Outra mudança diz respeito aos grupos internos de apoio a funcionários, que agora deixarão de ser chamados Grupos de Recursos para Empresas (BERGs) e passarão a se chamar Grupos de Recursos para Pertencimento (BRGs). O novo objetivo, segundo o memorando, será "fortalecer a comunidade dos funcionários e melhorar a experiência no ambiente de trabalho".
No que se refere ao público consumidor, a Disney também fará ajustes nas advertências inseridas em filmes antigos, como Dumbo e Peter Pan. Essas produções haviam recebido alertas sobre "representações negativas e/ou tratamento inadequado de povos ou culturas". No entanto, de acordo com fontes internas, o aviso será reformulado para uma abordagem mais neutra, passando a informar apenas que o conteúdo "foi preservado em sua forma original e pode conter estereótipos ou representações negativas".
As mudanças ocorrem em um momento em que diversas grandes corporações estão revendo suas políticas de DEI, especialmente após a posse do presidente Donald Trump. A Disney, por sua vez, busca recuperar sua imagem após uma série de polêmicas, incluindo o vazamento de uma reunião interna em que executivos admitiram promover uma "agenda secreta LGBT" em conteúdos infantis, além do embate público com o governador da Flórida, Ron DeSantis.
Nos últimos anos, a empresa enfrentou dificuldades com produções de viés progressista, que não tiveram o desempenho esperado nas bilheterias e sofreram forte rejeição do público. Agora, a estratégia parece ser um retorno à neutralidade política, alinhando-se ao discurso do CEO Bob Iger, que reassumiu o comando da companhia.
“Nossa principal missão deve ser entreter e, por meio do nosso entretenimento, continuar a ter um impacto positivo no mundo. Estou levando isso muito a sério. O conteúdo não deve ser movido por uma agenda, mas sim pelo entretenimento”, afirmou Iger durante a reunião anual de acionistas em 2023.
Além da Disney, outras empresas como Google, Meta, Amazon, Walmart e Target também estão ajustando ou descontinuando suas políticas de diversidade.
Reportado Amanda Harding no Daily Wire.