O governo Lula tem promovido cortes significativos no Bolsa Família, reduzindo o número de beneficiários em 67% das cidades brasileiras que recebiam o auxílio durante a gestão de Jair Bolsonaro. Desde que assumiu o Planalto, o petista excluiu 1,1 milhão de famílias do programa. Em janeiro de 2025, o Bolsa Família atendia 20,5 milhões de lares, enquanto, ao final de 2022, esse número era de 21,6 milhões, segundo levantamento do Poder360.
As reduções no programa ocorreram, em grande parte, devido a suspeitas de fraudes. O governo federal ainda não concluiu a revisão completa dos cadastros, e cerca de 4,1 milhões de beneficiários ainda recebem o auxílio de maneira unipessoal, ou seja, sem fazer parte de um núcleo familiar.
As regiões mais afetadas foram o Sudeste, com a exclusão de 561,15 mil famílias, e o Nordeste, com 537,32 mil cortes. Ao todo, 3,73 mil das 5,57 mil cidades brasileiras tiveram redução no número de beneficiários em comparação com dois anos atrás.
Confira a distribuição dos cortes por região:
- Nordeste: 1,36 mil cidades afetadas
- Sudeste: 1,21 mil cidades afetadas
- Sul: 633 cidades afetadas
- Centro-Oeste: 292 cidades afetadas
- Norte: 230 cidades afetadas
Por outro lado, em 1.820 municípios houve aumento de beneficiários, enquanto 18 cidades mantiveram o mesmo número de famílias assistidas.
Entre as cidades com maior número de cortes no programa, o Rio de Janeiro lidera o ranking, com 95,65 mil famílias a menos em relação ao final de 2022. São Paulo aparece em seguida, com 59,52 mil exclusões.
Atualmente, todas as 5,57 mil localidades brasileiras – incluindo as cidades e os territórios de Brasília e Fernando de Noronha – possuem pelo menos um beneficiário do Bolsa Família.
A cidade com o menor número de cadastrados no programa é São Domingos do Sul (RS), a 233 km de Porto Alegre, onde apenas oito famílias recebem o auxílio. Em dezembro de 2022, eram 12 famílias, demonstrando que mesmo em municípios com poucos beneficiários houve cortes nos últimos dois anos.
Hoje, 236 cidades possuem menos de 100 famílias cadastradas no programa – um aumento em relação às 213 cidades que registravam esse número no final de 2022. Dessas, 132 reduziram beneficiários e 101 tiveram aumento. Apenas três municípios permaneceram com a mesma quantidade de assistidos.
Em resposta aos cortes, o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) afirmou que realiza uma verificação contínua dos cadastros desde 2023 para identificar fraudes e otimizar o programa. A pasta destacou que novas estratégias estão sendo elaboradas para aprimorar esse processo a partir de 2025.
Entre as medidas previstas, estão:
- Verificação da renda declarada pelos beneficiários
- Atualização cadastral obrigatória a cada 24 meses
- Cruzamento de dados com o registro de óbitos
Além disso, foi criada em junho de 2023 a Rede Federal de Fiscalização do Bolsa Família e do Cadastro Único, com o objetivo de reforçar a gestão do programa e evitar fraudes.
Durante o governo Bolsonaro, o Bolsa Família foi rebatizado de Auxílio Brasil, com regras flexibilizadas durante a pandemia para permitir mais cadastros, já que muitos atendimentos não podiam ser feitos presencialmente.
Parte do aumento no número de beneficiários se deu devido à inclusão massiva de pessoas sem dependentes. Em janeiro de 2023, 5,9 milhões de pessoas recebiam o auxílio de forma unipessoal. Atualmente, esse número caiu para 4,1 milhões. Também houve concessões expressivas de novos benefícios antes da eleição de 2022.
Apenas entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, 325,47 mil cadastros foram cancelados.
Em termos financeiros, o custo mensal do programa caiu de R$ 14,39 bilhões (corrigidos pela inflação) em dezembro de 2022 para R$ 13,8 bilhões em janeiro de 2025.
Quando Bolsonaro assumiu o governo, o valor médio do Bolsa Família era de R$ 186,78. Ao final de seu mandato, esse valor subiu para R$ 607,14, um aumento nominal de 225,1% em quatro anos – enquanto a inflação acumulada no período foi de 27,1%.
Reportado pela Redação Oeste na Revitsa Oeste.