Pela primeira vez desde a queda do regime de Bashar al-Assad e da redução da influência do Hezbollah na Síria, forças do Exército Sírio, alinhadas com a nova administração do país, cruzaram a fronteira com o Líbano, entrando na região de Hermel. A incursão desencadeou intensos confrontos com combatentes do Hezbollah, marcando uma mudança significativa no equilíbrio de poder na região.
Os combates começaram na madrugada de quinta-feira (6), quando as forças sírias repeliram investidas do Hezbollah contra a cidade síria de Al Qusayr, um reduto estratégico do grupo terrorista apoiado pelo Irã.
Fontes de campo informaram ao The Media Line que os militantes do Hezbollah tentaram repetidamente avançar sobre Al Qusayr, mas foram forçados a recuar diante da forte resistência do Exército Sírio, que conseguiu repelir os ataques e empurrar os combatentes de volta ao território libanês.
À medida que a escalada de violência aumentava, tropas sírias cruzaram para a cidade libanesa de Hawik, na região de Hermel, onde os combates se intensificaram, forçando elementos do Hezbollah a uma retirada.
O ativista político libanês Omar Salloum, em entrevista ao The Media Line, afirmou que Hawik é um ponto-chave utilizado pelo Hezbollah para operações de contrabando. Segundo ele, os combates se estenderam ao longo do dia, com trocas de tiros entre armas leves e médias, além do uso de morteiros pelo Exército Sírio para impedir novas incursões do Hezbollah.
Imagens obtidas pelo The Media Line mostram soldados do Exército Sírio sendo capturados pelo Hezbollah dentro do Líbano, levantando preocupações sobre o tratamento dos prisioneiros. Relatos indicam que os detidos sírios estariam sendo tratados em desacordo com normas internacionais de detenção.
Há também informações não confirmadas de que as forças sírias capturaram combatentes do Hezbollah, aumentando ainda mais a tensão na região.
Desde o colapso do regime de Bashar al-Assad, em 8 de dezembro de 2024, a nova administração síria tem reforçado sua presença na fronteira para interromper o tráfico de armas e drogas operado por facções ligadas ao Hezbollah.
Nos últimos meses, diversas operações de contrabando foram interceptadas, sinalizando um esforço renovado do governo sírio para restaurar a soberania nacional e impedir que a organização terrorista continue utilizando o território como rota de suprimentos.
Historicamente, o Hezbollah controlava rotas cruciais de contrabando entre a Síria e o Líbano, transportando armas, narcóticos e suprimentos estratégicos para suas operações militares. Contudo, com o grupo envolvido em um conflito prolongado com Israel, sua influência sobre essas áreas fronteiriças tem sido enfraquecida.
Reportado por Rizik Alabi no The Jerusalem Post.