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ONGs Ligadas Ao PT Fraudam Programa De Marmitas Do Governo Lula, Revela Investigação

6/2/2025
thefarol.com
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma investigação do jornal O Globo, publicada nesta quinta-feira (6), revelou que ONGs contratadas pelo programa Cozinha Solidária, lançado pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não entregaram as refeições previstas em contrato, mas ainda assim prestaram contas como se tivessem cumprido suas obrigações.

A equipe de reportagem visitou três ONGs que deveriam operar cozinhas comunitárias, mas não encontrou nenhuma atividade de preparo ou distribuição de alimentos.

O Cozinha Solidária foi contratado para operar em 12 estados brasileiros. Em São Paulo, a ONG Mover Helipa, comandada por José Renato Varjão, venceu um edital público. Varjão já trabalhou no gabinete do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP) e subcontratou outras ONGs ligadas a petistas ou ex-integrantes de gabinetes do partido. A ONG atua na região da "Tattolândia", um reduto político da família Tatto.

Uma das subcontratadas, a Cozinha Solidária Madre Teresa de Calcutá, deveria fornecer 4.583 marmitas por mês, mas a reportagem encontrou o local fechado e moradores afirmaram desconhecer qualquer distribuição de refeições.

Paula Souza Costa, ex-assessora do ex-vereador Arselino Tatto (PT) e responsável pela ONG, alegou ter entregue apenas 250 marmitas em janeiro, uma quantidade cinco vezes menor que o estipulado. Apesar disso, um recibo de dezembro assinado por Paula informava o recebimento de R$ 11 mil por 4.583 marmitas supostamente entregues naquele mês.

Outro caso envolve a Cozinha Solidária Unidos Pela Fé, em Parelheiros. O responsável, Claudinei Florêncio, também ex-assessor de Arselino Tatto, reconheceu que nenhuma refeição foi distribuída, apesar do contrato prever início imediato. Contudo, na prestação de contas, foi informado que todas as refeições previstas para dezembro foram entregues. Questionado pelo jornal, Florêncio não respondeu.

O programa também beneficiou a ONG Instituto Rosa dos Ventos, gerida por Anderson Clayton Rosa, que ainda trabalha como assessor do deputado Nilto Tatto. O contrato exigia 4.583 marmitas por mês, mas apenas 400 refeições foram entregues em janeiro. O parlamentar não se pronunciou sobre o caso, enquanto Rosa afirmou que pode ter ocorrido um erro na documentação.

Já a Cozinha Solidária Divino Espírito Santo, que deveria operar em Sapopemba, na zona leste de São Paulo, está registrada no nome de um ex-assessor do deputado estadual Luiz Fernando Teixeira (PT-SP). O local indicado para a entrega funciona, na realidade, como uma igreja, e moradores informaram que 70 refeições são feitas por dia, totalizando 2,1 mil por mês, menos da metade do estipulado.

O jornal também identificou possíveis fraudes nos relatórios de prestação de contas. Foram analisados 13 documentos com textos idênticos e assinaturas semelhantes. Além disso, os metadados revelaram que todos os relatórios foram criados por um único usuário, Fábio Rubson da Silva, advogado que presta serviços para a ONG Mover Helipa.

O Ministério do Desenvolvimento Social, comandado por Wellington Dias (PT), informou que irá realizar vistoria nos locais e monitoramento rigoroso do projeto. Caso sejam confirmadas irregularidades, o governo poderá suspender os repasses e exigir a devolução dos recursos.

Já José Renato Varjão, responsável pela ONG que fechou contrato com o ministério e subcontratou as entidades, negou envolvimento de parlamentares petistas e afirmou que a relação deles com as ONGs foi mera coincidência. Ele garantiu que irá cobrar providências das organizações contratadas.

Quatro dias após a visita da reportagem, Varjão publicou um vídeo anunciando a inauguração da Cozinha Unidos Pela Fé, em uma aparente tentativa de reagir às denúncias.

Reportado pela Redação Oeste na Revista Oeste.

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