A plataforma de vídeos Rumble, conhecida por sua defesa da liberdade de expressão e como alternativa ao YouTube, retornou ao Brasil na noite de sábado (8). Criada em 2013, a Rumble vinha crescendo no país desde 2022, mas teve suas operações interrompidas em dezembro de 2023, por decisão de seu CEO, Chris Pavlovski, que alegou censura imposta pela Justiça brasileira.
O retorno da plataforma gerou intensa repercussão nas redes sociais, com diversos analistas e figuras públicas apontando o evento como um possível sinal de mudança no cenário da liberdade de expressão no Brasil.
O jornalista norte-americano Michael Shellenberger celebrou o retorno da Rumble ao Brasil, afirmando que a decisão representa um avanço na liberdade de expressão no país. Glenn Greenwald, outro jornalista renomado, destacou que a saída da plataforma no ano passado ocorreu devido às ordens de censura do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Greenwald também sugeriu que a volta de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos teria influenciado na reativação da Rumble.
O ex-assessor do governo Trump, Mike Benz, fez uma conexão entre a reabertura da Rumble e o fechamento da USAID, agência americana envolvida em polêmicas sobre interferência política.
"Dois dias depois que a USAID cai, o Brasil finalmente encerra sua proibição ao Rumble", escreveu Benz. "É quase como se tudo o que eu disse sobre o aparato de censura no Brasil sendo impulsionado pelo dinheiro da USAID fosse verdade..."
O próprio Chris Pavlovski, CEO da Rumble, também comentou o retorno da plataforma ao Brasil, atribuindo a decisão à vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas.
"A Rumble, empresa norte-americana, agora está totalmente operacional no Brasil. Dou crédito a Donald Trump por vencer em novembro", escreveu Pavlovski. "A decisão do Brasil de revogar a censura à Rumble é prova de que o mundo está mudando. O presidente Trump está tornando o mundo grande novamente. Obrigado, presidente Trump."
No Brasil, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) comemorou o retorno da Rumble, mas alertou que "ainda há muito a ser feito" e que aqueles que impuseram restrições à liberdade de expressão precisam ser responsabilizados no futuro.
Já o advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, demonstrou ceticismo em relação às mudanças e criticou a narrativa de que o desbloqueio de contas censuradas pelo STF representa o fim da censura.
"Não há nada a comemorar", afirmou Marsiglia. "Os posts antigos dos perfis reativados seguem censurados. Apenas a censura prévia foi revogada, ou seja, deixam de impedir manifestações futuras dos usuários."
Marsiglia também destacou que a reativação das contas ocorre durante a visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) ao Brasil, que acontece entre os dias 9 e 14 de fevereiro.
"Soltar alguém sem dizer por que foi preso e por que foi solto gera medo de novas censuras a qualquer tempo, por qualquer motivo, resultando na pior das censuras: a autocensura."
Ele ainda lembrou que os donos dos perfis desbloqueados continuam respondendo a processos e investigações sigilosas, conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal.
O bloqueio da Rumble ocorreu no contexto de investigações sobre suposta disseminação de desinformação e discursos antidemocráticos no Brasil. A plataforma, conhecida por não adotar as mesmas diretrizes rígidas de moderação de conteúdo que o YouTube e outras big techs, foi uma das alternativas usadas por influenciadores, jornalistas e políticos críticos ao governo e ao Judiciário brasileiro.
Reportado por Rachel Dìaz na Revista Oeste.