POLÍTICA

Estadão: ‘Lula Está Perdido E Desconectado Da Realidade’

7/2/2025
thefarol.com
Marcelo Camargo/Agência Brasil.

A recente retomada do circuito de entrevistas radiofônicas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem um objetivo claro: tentar conter a queda de sua popularidade. No entanto, segundo editorial do jornal O Estado de S. Paulo, as primeiras declarações do petista em 2024 demonstram desconexão com a realidade econômica, especialmente no que diz respeito à inflação, o problema que mais afeta os brasileiros no momento.

Para o Estadão, o governo Lula tem adotado a estratégia de transferir responsabilidades, colocando-se como vítima da alta nos preços, em vez de reconhecer seu papel na crise. Em entrevista a rádios de Minas Gerais, o presidente afirmou que a inflação está “razoavelmente controlada” e que seu governo leva o tema “muito a sério”. No entanto, no dia seguinte, em conversa com emissoras da Bahia, Lula culpou o Banco Central, alegando que a antiga gestão da instituição, sob Roberto Campos Neto, teria armado “uma arapuca” para dificultar seu governo.

A tentativa de convencer a população de que a inflação está sob controle não se sustenta diante dos fatos, aponta o jornal. Dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) revelam aumento expressivo nos preços da cesta básica, com alta de 18,83% no leite longa vida, 25,25% na carne, 29,22% no óleo de soja e 39,6% no café torrado.

O Estadão destaca que, embora fatores climáticos tenham impacto sobre a produção agrícola e pecuária, grande parte da escalada inflacionária se deve a uma demanda interna crescente, impulsionada pela expansão desenfreada dos gastos públicos e pelo estímulo excessivo ao crédito.

Lula insiste que está adotando medidas para conter o problema, afirmando que tem feito “reuniões sistemáticas com os setores” para evitar que os preços prejudiquem a população. No entanto, segundo o jornal, essa estratégia não tem efeito prático.

"O consumidor sente a inflação dos alimentos de maneira muito mais intensa, especialmente a população mais pobre, que compromete grande parte da renda com alimentação. E reuniões com varejistas e agricultores não farão os preços caírem", critica o editorial. O texto também lembra que tentativas de controle de preços no passado foram desastrosas para o consumidor.

Outro ponto de alerta do Estadão é a postura do governo em relação ao reajuste dos combustíveis. Lula sugeriu que, caso os preços do diesel e da gasolina subam, o governo poderia intervir para evitar impacto no transporte e na alimentação. O jornal classifica a declaração como um "discurso vazio", que ignora o funcionamento do mercado.

Além disso, o editorial destaca que a política expansionista adotada por Lula até agora gerou crescimento no Produto Interno Bruto (PIB) e no emprego, mas os indicadores começam a mostrar sinais de perda de fôlego. A preocupação com uma possível desaceleração da economia já entrou no radar para 2025 e 2026.

Enquanto o governo gasta cada vez mais, a dívida pública federal disparou, atingindo R$ 7,3 trilhões em 2024, um aumento de 12,2% em relação ao ano anterior, sem contar a correção inflacionária.

O editorial conclui afirmando que Lula parece enxergar apenas o que deseja ver e acredita que pode convencer a população a adotar sua visão otimista da economia. Enquanto isso, o peso da inflação, dos gastos públicos descontrolados e da deterioração fiscal segue recaindo sobre os brasileiros.

Reportado por Amanda Sampaio na Revista Oeste.

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