Lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), duas das maiores facções criminosas do Brasil, estão articulando uma trégua com o objetivo de unir forças e pressionar o governo federal a flexibilizar as regras dos presídios de segurança máxima. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles, destacando as dificuldades enfrentadas pelos chefes dessas organizações devido às restrições impostas nesses estabelecimentos.

Nos presídios federais, como os de segurança máxima, não há visitas íntimas nem contato físico entre detentos e advogados, o que tem dificultado a comunicação dos líderes com seus subordinados fora das cadeias. Essas limitações afetam diretamente a cúpula do crime organizado, que busca formas de manter o controle sobre suas operações. A trégua entre PCC e CV seria uma estratégia para concentrar esforços na pressão por mudanças no sistema carcerário, incluindo a redução dessas restrições.

As autoridades detectaram conversas codificadas e atividades suspeitas envolvendo advogados das facções, que estariam sendo usados como intermediários nas negociações e na elaboração de estratégias jurídicas. Segundo o Metrópoles, as duas organizações formaram uma espécie de força-tarefa jurídica para encontrar brechas legais que possam aliviar as condições prisionais. Um eventual acordo entre elas poderia reconfigurar a dinâmica do tráfico de drogas no país, dado o histórico de colaboração e rivalidade entre os grupos.

PCC e CV já mantiveram uma parceria estratégica no passado, compartilhando rotas de tráfico e oferecendo apoio mútuo. Conforme o Brasil Paralelo, essa aliança ruiu em 2016, quando disputas internas e o controle de presídios levaram à ruptura, anunciada por um "salve" do PCC ao líder do CV, Marcinho VP. Desde então, a guerra entre as facções resultou em massacres prisionais e confrontos violentos nas ruas, especialmente em regiões como o Rio de Janeiro.