O Wall Street Journal informou na quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025, que terroristas do Hamas estão reutilizando materiais explosivos não detonados para criar dispositivos improvisados e vasculhando propriedades em Gaza em busca de equipamentos de escuta deixados pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) para rastrear seus movimentos. Essas ações ocorrem enquanto o prazo do atual cessar-fogo com Israel, que termina no sábado, 1º de março, se aproxima.
Segundo autoridades árabes citadas pelo WSJ, o Hamas intensificou a vigilância em Gaza para identificar possíveis espiões, criando uma unidade especial para detectar e impedir infiltrações israelenses. Além disso, a ala armada do grupo nomeou novos comandantes e iniciou a reparação de sua rede de túneis subterrâneos, sinalizando preparativos para um eventual retorno ao conflito. O 42º dia do cessar-fogo, na sexta-feira, 28, deveria marcar a transição da primeira para a segunda fase do acordo assinado, mas a falta de avanços nas negociações ameaça essa passagem.
Autoridades de Israel e dos EUA tentam estender o acordo, mas, sem progresso, o conflito pode ser retomado, interrompendo a liberação de reféns israelenses e prisioneiros palestinos. Na manhã de quinta-feira, 27, após a entrega dos corpos de quatro reféns israelenses assassinados e a soltura de cerca de 600 prisioneiros palestinos, o Hamas declarou ao The Jerusalem Post que a libertação dos reféns restantes depende de um compromisso firme com o cessar-fogo. "A única forma de garantir a soltura dos prisioneiros da ocupação em Gaza é por meio de negociações e cumprimento dos termos acordados", afirmou o grupo, acusando o governo de Benjamin Netanyahu de obstruir o processo e prolongar o sofrimento das famílias.
Apesar da disposição declarada do Hamas para negociar, autoridades israelenses informaram ao The Post que as tratativas para a segunda fase estão paralisadas. Uma fonte revelou: "Witkoff conversou com Dermer e os mediadores, houve ideias e consultas, mas não uma negociação real com o Hamas." O grupo alega ter eliminado "justificativas falsas" de Israel, pressionando por avanços, mas a ausência de diálogo concreto mantém a incerteza sobre o futuro do acordo.
De acordo com o The Jerusalem Post, os preparativos militares do Hamas, como a reutilização de explosivos e a restauração de túneis, indicam uma estratégia dupla: fortalecer-se para um possível conflito e ao mesmo tempo pressionar por negociações. Enquanto isso, a contagem regressiva para o fim do cessar-fogo aumenta a tensão, com o destino de reféns e prisioneiros pendente de uma resolução que parece distante.