Oficiais de Justiça em várias regiões do Brasil enfrentaram dificuldades para notificar pessoalmente 34 indivíduos denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado em 2022. O processo, que exige a entrega de documentos físicos, foi complicado por endereços desatualizados e pela mudança de país de alguns acusados, como o ex-apresentador da Jovem Pan, Paulo Figueiredo, residente nos Estados Unidos desde 2015.
Em 19 de fevereiro de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Justiça Federal notificasse os acusados em até 48 horas, dando-lhes 15 dias para apresentar suas defesas. A medida visa assegurar o cumprimento rigoroso do processo legal. Para figuras como Jair Bolsonaro, Augusto Heleno e Mauro Cid, o prazo termina nesta quinta-feira, 6 de março, enquanto Walter Braga Netto e Almir Garnier Santos têm até sexta-feira, 7.
- Paulo Figueiredo: No dia 20 de fevereiro, a oficial Ana Célia da Silva foi ao endereço indicado na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, mas encontrou uma casa de festas, "Pérola Negra". A funcionária Francisca informou que o acusado não era conhecido ali. Após 20 minutos, Ana localizou o prédio correto, onde o porteiro e a administradora confirmaram que Figueiredo vendeu o imóvel em 2012. Ele afirmou à Folha de S.Paulo: "Moro nos EUA há dez anos, fato conhecido até pelo Judiciário, que me notificou aqui via MLAT em 2024 num caso tributário. Sem acordos internacionais, essa notificação é inválida."
- Alexandre Ramagem: Ana Célia também tentou notificar o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) na Avenida Alda Garrido, na Barra da Tijuca, mas a numeração irregular da rua frustrou a busca. Ramagem foi posteriormente localizado e notificado em Brasília, onde vive desde o início do governo Bolsonaro.
- Bernardo Correa Neto: Em 19 de fevereiro, o oficial Paulo Gustavo Hundertmark buscou o coronel em Porto Alegre, mas ele estava em Brasília, usando tornozeleira eletrônica. A notificação só foi concluída na capital federal após essa informação vir à tona.
- Marcelo Bormevet: Em Matozinhos (MG), Flávia Linhares entregou uma notificação errada ao acusado de integrar a "Abin paralela". O equívoco foi corrigido com um novo documento.
A busca revelou a complexidade de localizar os denunciados, muitos dos quais mudaram de endereço ou deixaram o país. Figueiredo, por exemplo, questionou a validade do processo sem cooperação internacional, enquanto Ramagem e Correa Neto só foram encontrados em locais diferentes dos registrados. Esses obstáculos destacam os desafios logísticos enfrentados pela Justiça para garantir que os acusados respondam às alegações de envolvimento na tentativa de golpe,segundo a Revista Oeste.