Israel planeja enviar uma delegação a Doha na segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025, para uma nova rodada de negociações visando estender o frágil cessar-fogo em Gaza, após suspender o envio de suprimentos ao território como forma de pressionar o Hamas. A medida segue a expiração da primeira fase de um acordo de três etapas, em 1º de março, que não avançou para um cessar-fogo permanente, embora os combates em larga escala não tenham sido retomados.
O enviado da Casa Branca, Steve Witkoff, deve chegar à Arábia Saudita na terça-feira, 25, e ao Catar na quarta-feira, 26, durante as tratativas, segundo a Channel 12. Ainda não está claro se ele visitará Israel. A proposta de Witkoff, apoiada pelos EUA, prevê a libertação de 10 reféns vivos pelo Hamas, incluindo o americano-israelense Edan Alexander, em troca de mais 60 dias de trégua. Hamas insiste na transição para a segunda fase do acordo — mediado por Catar, Egito e EUA —, que liberaria os 24 reféns vivos restantes por um fim definitivo da guerra, enquanto Israel e EUA buscam prolongar a pausa sem encerrar o conflito.
Dos 251 reféns capturados no ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas, 59 permanecem em Gaza, incluindo 35 corpos (34 do ataque e um soldado morto em 2014). Após o fim da primeira fase, Israel cortou bens e eletricidade para Gaza — esta última anunciada pelo ministro da Energia, Eli Cohen, no domingo, 23, afetando uma usina de dessalinização. Apesar das críticas de países ocidentais e da condenação árabe, Israel alega que os estoques acumulados atendem às necessidades, e a ajuda adicional apenas fortaleceria o Hamas. Izzat al-Rishq, do Hamas, chamou o corte de "chantagem inaceitável".
No domingo, famílias de reféns e centenas de manifestantes acamparam pelo segundo dia consecutivo diante do Ministério da Defesa em Tel Aviv, exigindo um acordo. Ativistas do movimento Shift 101, como Einav Zangauker, Anat Angrest e Viki Cohen — mães de reféns —, acusam o governo de abandonar seus filhos. Angrest questionou: "Que mães enviarão seus filhos à guerra sabendo que, se capturados, serão deixados para trás?" Cohen, mãe de Nimrod, capturado em um tanque quebrado, lamentou: "Estamos exaustas, e o governo não nos ouve."
O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, anunciou no domingo a criação de uma "administração de migração" para facilitar a saída voluntária de palestinos de Gaza, afirmando que o orçamento não será obstáculo. Em entrevista à Channel 12 no último mês, ele previu que o êxodo começará em semanas, deixando Gaza sem atrativos por 10 a 15 anos. De acordo com o The Times Of Israel, o plano ecoa a proposta de Trump, feita em visita de Netanyahu a Washington, de realocar os 2 milhões de habitantes de Gaza, ideia que Smotrich trabalha para implementar, sugerindo ocupar Gaza e "incentivar" a emigração de metade da população em dois anos.