A primeira-dama Janja da Silva optou por não liderar a delegação brasileira na 69ª sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW) da ONU, em Nova York, delegando a tarefa à ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. A decisão, anunciada na semana passada, reflete preocupações com o "desgaste político" que a viagem poderia trazer ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo possíveis protestos de apoiadores de Jair Bolsonaro nos EUA e impactos na popularidade de Janja e do presidente.

O governo identificou a viagem como de "alto risco" político, especialmente por ser a primeira de uma figura destacada após a posse de Donald Trump, em um momento de tensões entre Brasil e EUA sobre liberdade de expressão, tarifas e deportação de brasileiros. A Presidência, o Itamaraty e o Ministério das Mulheres, envolvidos nos preparativos, foram informados da mudança, que exige ajustes em passagens, reservas de hotéis — agora mais custosas — e na composição da delegação.

Janja foi designada por Lula em março de 2025, via decreto no Diário Oficial da União, para uma missão de 8 dias com despesas pagas pelo erário. O plano original previa que ela e Cida Gonçalves dividissem compromissos em Nova York, após eventos pós-carnaval no Rio de Janeiro. A diplomacia brasileira foi instruída a assegurar um discurso de Janja na plenária principal da CSW, mas a desistência transfere o protagonismo à ministra.

De acordo com a Revista Oeste, a popularidade de Lula e Janja enfrenta desafios, e a decisão visa evitar críticas adicionais. A primeira-dama já foi alvo de controvérsias por agendas e custos em viagens anteriores, como na Etiópia, onde planos de segurança foram julgados insuficientes. A CSW deste ano, agora sob liderança de Cida Gonçalves, discutirá misoginia online, justiça climática e a Aliança Contra a Fome e a Pobreza, em meio a um histórico conturbado: em 2024, Carmen Foro, ex-líder da delegação, foi demitida, gerando denúncias de assédio moral contra Cida e Maria Helena Guarezi.